Auditoria destaca necessidade de integração e fortalecimento das Políticas de Enfrentamento à Violência contra Mulher no Estado do Piauí

O Ministério Público de Contas do Estado do Piauí (MPC-PI) emitiu parecer favorável à aprovação das recomendações e determinações sugeridas pela Divisão de Fiscalização de Políticas Públicas (DFPP) do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI) no processo de Auditoria das Políticas Públicas de Enfrentamento à Violência contra a Mulher no Estado do Piauí.

A auditoria teve como objetivo avaliar a existência, o grau de implementação e a efetividade das políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher, especialmente nas áreas de segurança pública e assistência social, verificando se as ações estatais estão de fato contribuindo para romper o ciclo de violência e vitimização feminina, conforme prevê a legislação vigente.

Entre os principais pontos levantados, o relatório identificou:

  • Falta de integração entre os órgãos e sistemas de dados da rede de enfrentamento à violência, dificultando o acompanhamento dos casos e a articulação entre Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Polícia e Assistência Social;

  • Ausência de políticas públicas integradas e estruturadas, com falhas de planejamento, metas, indicadores e destinação de recursos específicos;

  • Falta de infraestrutura e recursos humanos adequados nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), muitas delas funcionando junto a outras delegacias, com espaços inadequados e falta de privacidade;

  • Irregularidades orçamentárias, como o uso indevido de suprimentos de fundos para despesas rotineiras, burlando o processo licitatório;

  • Fragilidade nas Casas Abrigo e Centros de Referência, com ausência de normas técnicas, carência de profissionais e deficiências na segurança e manutenção;

  • Falta de capacitação contínua para os profissionais da rede de atendimento;

  • Sobrecarga nas unidades especializadas do Ministério Público e da Defensoria Pública, gerando lentidão nos processos.

Centros analisados

O relatório também analisou os principais equipamentos da rede de proteção, incluindo o Centro de Referência Esperança Garcia (CREG), o Centro de Referência da Mulher Francisca Trindade (CRMFT), a Casa Abrigo Mulher Viva e a Casa da Mulher Brasileira, em Teresina.

Entre os achados, foram identificados ausência de atendimento jurídico, vínculos precários e terceirização de profissionais, carência de normas técnicas, falta de acompanhamento pós-abrigamento, deficiências na segurança e sobrecarga de atendimento nas unidades.

Durante sessão plenária realizada nesta quinta-feira (09), as auditoras responsáveis apresentaram os resultados da auditoria e os principais achados. Por unanimidade, e acompanhando o parecer do Ministério Público de Contas e o voto do relator, o Plenário do TCE-PI acolheu integralmente as recomendações e encaminhamentos propostos.

Órgão / Unidade Fiscalizada Principais Achados da Auditoria (DFPP) Encaminhamentos / Recomendações do MPC-PI
Secretaria de Estado das Mulheres (SEMPI) – Fragilidade na governança e falta de articulação com outras secretarias;
– Quadro funcional quase todo comissionado (sem técnicos efetivos);
– Ausência de planejamento e monitoramento contínuo da política estadual;
– Falta de recursos orçamentários para ações de enfrentamento.
Recomendar a criação de quadro técnico efetivo, com servidores de carreira e capacitação continuada; revisão do Plano Estadual de Políticas para Mulheres; estruturação orçamentária própria.
Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (SASC) – Deficiência nas equipes do SUAS (faltam psicólogos, advogados e assistentes sociais);
– Falta de monitoramento e articulação com os municípios;-
Não respondeu à auditoria dentro do prazo.
Reforçar a estrutura técnica e o acompanhamento dos municípios; normatizar e monitorar o funcionamento das Casas Abrigo e Centros de Referência.
Casa da Mulher Brasileira (Teresina) – Gestão informal entre Estado e Município;
– Falta de gerente administrativo;- Inexistência de Promotoria da Mulher no local;
– Ausência de Central de Transportes;
– Estrutura física precária e funcionamento parcial (não 24h).
Recomendar formalização de cooperação entre Estado e Município; funcionamento 24h; implantação da Promotoria da Mulher e Central de Transportes; melhoria da infraestrutura.
Casa Abrigo Mulher Viva – Falta de norma técnica de funcionamento;
– Ausência de câmeras de segurança;- Carência de pessoal (limpeza, cozinha, técnica);
– Falta de equipamentos e manutenção;
– Falta de acompanhamento pós-abrigamento.
Implantar norma técnica de acolhimento; reforçar equipe técnica e segurança; garantir acompanhamento pós-abrigamento; estruturar recursos materiais e humanos.
Centro de Referência Esperança Garcia (CREG) – Falta de atendimento jurídico;
– Vínculos precários e terceirização de profissionais;
– Falta de acompanhamento das mulheres após o abrigamento.
Recomendar estabilidade das equipes; ampliar quadro técnico; promover acompanhamento contínuo das vítimas após acolhimento.
Centro de Referência da Mulher Francisca Trindade (CRMFT) – Recursos insuficientes para funcionamento e campanhas;

– Falta de planejamento orçamentário estruturado.

Garantir previsão orçamentária específica para a manutenção e expansão dos serviços.
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) – Estruturas compartilhadas com outras delegacias;
– Falta de equipe multidisciplinar;
– Atendimento restrito a horário comercial (não 24h);
– Estrutura física precária e sem privacidade;
– Coletes vencidos e falta de EPIs adequados;
– Internet instável e ausência de canal telefônico exclusivo.
Reforçar pessoal técnico (psicólogos, assistentes sociais); garantir funcionamento 24h; adequar estrutura física e de segurança; implantar canais de atendimento direto e aquisição de EPIs.
Geral (Sistema Estadual) – Falta de integração entre sistemas e dados dos órgãos da rede;
– Não utilização dos dados do FONAR para formulação de políticas;
– Deficiência de capacitação dos profissionais da rede.
Criar sistema estadual integrado de dados sobre violência contra a mulher; utilizar o FONAR como base para políticas públicas; institucionalizar capacitações permanentes.

 

Informações úteis em caso de ajuda:

  • Ligue 180: A ligação é gratuita e funciona 24h para denúncias e orientações. 
  • Chame a Polícia Militar: Em casos de emergência, ligue 190. 
  • Acesse o WhatsApp: Denuncie e peça orientação pelo número (61) 9610-0180. 

 

Ascom| MPC-PI

Telefone: (86) 3215.3876
WhatsApp: (86) 98857.9751
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